Você provavelmente já viu as pessoas que trabalham na portaria, certo? Por isso, escolhemos a Aurelina como nossa entrevistada. Nem sempre Aurelina recebe um “bom dia” dos alunos que entram, pois nem todos se atentam às pessoas que trabalham na escola. Você já reparou nisso?
Aurelina resolveu trabalhar nessa área pois gosta de cuidar dos outros. Ela diz que não conseguiria ser médica, pois não tem coragem de injetar uma agulha em um bebê ou um idoso, então resolveu trabalhar na portaria.
No período da tarde é a única mulher e se sente tão capaz quanto os homens. Ela até já parou para reparar na quantidade de homens e mulheres, mas não vê problema nisso. Gosta do trabalho e, na maioria das vezes, se sente bem respeitada. Trabalha na portaria há 4 anos.
Nasceu em Pernambuco e veio para São Paulo com 16 anos. Seus pais vieram com ela, mas três anos depois resolveram voltar. Aurelina não quis retornar e continuou aqui.
Ela mora a 30 minutos de distância de carro até o trabalho, mas prefere ir de condução ou ônibus, pois não gosta muito de dirigir.
Sua filha mais velha é independente, mas a mais nova ainda não. Ela deixa a filha menor na escola de manhã e trabalha das 14h30 às 22h. Quando chega em casa, sua filha já está dormindo, então elas têm pouco contato, afinal, Aurelina ainda está em seu trabalho na portaria no período da noite.
Provocados(as) por charges selecionadas pela ONU Mulheres, iniciamos nosso módulo discutindo desigualdade de gênero. Pensamos juntos e juntas o que nos incomoda e como podemos atuar, por meio do jornalismo, para mudar essa realidade.
A partir do famoso “carômetro” organizado pela equipe do Colégio, identificamos as educadoras que atuam em diferentes setores. Ao olhar para os nomes e fotografias, memórias e curiosidades foram despertadas e, assim, avançamos na tarefa de selecionar doze educadoras que protagonizam nossos textos. Alinhados à nossa proposta editorial, tivemos o compromisso de privilegiar mulheres que trabalham em diferentes setores e considerar aquelas que nem sempre estão em diálogo com a maioria dos estudantes no cotidiano escolar.
Tendo decidido quem seriam nossas entrevistadas, voltamo-nos ao estudo dos gêneros. Tínhamos como objetivo aproximar os(as) estudantes da reportagem-perfil e da entrevista como tipos textuais jornalísticos, conhecendo suas características e experimentando-os na prática, desde a elaboração de perguntas, até a edição do material.
Aqui cabe dizer que, neste ano, o grupo é composto por repórteres com mais experiência, que já estão no Falaí! há mais de um ano, e por repórteres iniciantes que, em 2023, somaram-se à nossa equipe. Dessa forma, os desafios são adequados ao tempo de experiência de cada grupo.
Cuidar da coesão entre a produção das duplas ou trios de repórteres e a intenção da equipe editorial foi um dos objetivos trabalhados, pois, mesmo que os tipos textuais sejam diferentes, e que as entrevistas nos conduzam para lugares distintos, a publicação deve ser uma produção coletiva.
Com a colaboração e a gentileza de nossas entrevistadas, pudemos reuni-las em duas salas do Colégio para realizar uma grande sessão de entrevistas. Acompanhados de gravadores e bloquinhos de notas, os repórteres receberam as educadoras e administraram entrevistas nas quais tinham como objetivo entender a história de vida, a atuação profissional e o cotidiano de cada uma delas.
Ao final da sessão, entrevistadores(as) e entrevistadas se juntaram para registrar as fotografias que ilustram cada um dos textos jornalísticos.
De volta à redação, os(as) jovens jornalistas revisitaram os áudios das entrevistas, elaboraram os textos e revisaram o material.
Ao final do processo, construímos uma parceria com a equipe de Projetos Digitais da Editoração, alinhando a produção deste site, o qual dialoga com o projeto gráfico original do Falaí! e contempla as demandas desta publicação. Os(as) estudantes da oficina foram desafiados, também, a se adequarem ao formato, pensando sobre número de caracteres da manchete, por exemplo.
Finalizamos este módulo de estudos do curso com o olhar mais atento às questões de gênero, conhecendo novos tipos textuais e reconhecendo figuras importantes da nossa escola.
Esperamos ter compartilhado esses aprendizados com você também.
Raphael Gonçalves e Tatiana Luz
Professores do Falaí! e editores da publicação