De pai goiano e mãe mineira, Kézia, de 50 anos, trabalha na manutenção do colégio, consertando materiais, produzindo camisas, óculos e coisas do gênero. Seu emprego dos sonhos era ser decoradora de imóveis. Conheceu a escola por meio de uma amiga num programa para pessoas surdas, deficiência com a qual nasceu.
“Minha mãe sempre achou que nunca ia me enturmar. Sofri bullying na escola, as pessoas não tinham paciência”, relatou. Mas, hoje, diz que ama trabalhar aqui e que no começo foi super bem recebida por um ex-colega de trabalho e ex-chefe, mesmo com a saída dessas duas pessoas, ela ainda se sente super à vontade em continuar trabalhando e consegue ver a atenção e a paciência que todos têm com ela desde de sua chegada.
Quando nós a entrevistamos, reparamos que Kézia é uma mulher muito aberta que gosta bastante de falar. No decorrer da entrevista, ela foi se abrindo mais para nós e contando coisas além das nossas perguntas, isso nos mostra que Kézia se empenha no que está fazendo e consegue explorar o assunto ao máximo, sendo uma ótima pessoa que procura sempre alcançar seus objetivos.
Provocados(as) por charges selecionadas pela ONU Mulheres, iniciamos nosso módulo discutindo desigualdade de gênero. Pensamos juntos e juntas o que nos incomoda e como podemos atuar, por meio do jornalismo, para mudar essa realidade.
A partir do famoso “carômetro” organizado pela equipe do Colégio, identificamos as educadoras que atuam em diferentes setores. Ao olhar para os nomes e fotografias, memórias e curiosidades foram despertadas e, assim, avançamos na tarefa de selecionar doze educadoras que protagonizam nossos textos. Alinhados à nossa proposta editorial, tivemos o compromisso de privilegiar mulheres que trabalham em diferentes setores e considerar aquelas que nem sempre estão em diálogo com a maioria dos estudantes no cotidiano escolar.
Tendo decidido quem seriam nossas entrevistadas, voltamo-nos ao estudo dos gêneros. Tínhamos como objetivo aproximar os(as) estudantes da reportagem-perfil e da entrevista como tipos textuais jornalísticos, conhecendo suas características e experimentando-os na prática, desde a elaboração de perguntas, até a edição do material.
Aqui cabe dizer que, neste ano, o grupo é composto por repórteres com mais experiência, que já estão no Falaí! há mais de um ano, e por repórteres iniciantes que, em 2023, somaram-se à nossa equipe. Dessa forma, os desafios são adequados ao tempo de experiência de cada grupo.
Cuidar da coesão entre a produção das duplas ou trios de repórteres e a intenção da equipe editorial foi um dos objetivos trabalhados, pois, mesmo que os tipos textuais sejam diferentes, e que as entrevistas nos conduzam para lugares distintos, a publicação deve ser uma produção coletiva.
Com a colaboração e a gentileza de nossas entrevistadas, pudemos reuni-las em duas salas do Colégio para realizar uma grande sessão de entrevistas. Acompanhados de gravadores e bloquinhos de notas, os repórteres receberam as educadoras e administraram entrevistas nas quais tinham como objetivo entender a história de vida, a atuação profissional e o cotidiano de cada uma delas.
Ao final da sessão, entrevistadores(as) e entrevistadas se juntaram para registrar as fotografias que ilustram cada um dos textos jornalísticos.
De volta à redação, os(as) jovens jornalistas revisitaram os áudios das entrevistas, elaboraram os textos e revisaram o material.
Ao final do processo, construímos uma parceria com a equipe de Projetos Digitais da Editoração, alinhando a produção deste site, o qual dialoga com o projeto gráfico original do Falaí! e contempla as demandas desta publicação. Os(as) estudantes da oficina foram desafiados, também, a se adequarem ao formato, pensando sobre número de caracteres da manchete, por exemplo.
Finalizamos este módulo de estudos do curso com o olhar mais atento às questões de gênero, conhecendo novos tipos textuais e reconhecendo figuras importantes da nossa escola.
Esperamos ter compartilhado esses aprendizados com você também.
Raphael Gonçalves e Tatiana Luz
Professores do Falaí! e editores da publicação