Maria do Socorro é funcionária da escola e trabalha na portaria, ela mora em São Paulo há 37 anos e vem do Ceará, onde ainda mora parte de sua família: sua mãe e duas irmãs, enquanto seus outros nove irmãos moram pelo Brasil. Ela veio para São Paulo com 21 anos e acabou aqui o Ensino Médio, em busca de mais oportunidades.
Ela trabalha no colégio desde 2010. Primeiramente foi introduzida à escola por um conhecido que trabalhou com ela no Colégio Santo Américo e após ele começar a trabalhar aqui ela veio aqui também. Antes de ter trabalhado no Santo Américo, trabalhava em uma empresa terceirizada de segurança.
Para chegar na escola no horário ela acorda todo dia às 3h30, para sair da sua casa em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo às 4h40 e chegar no Santa, que fica na Zona Oeste da cidade, às 6h10. Já na escola, toma café, trabalha e depois almoça das 11h até às 12h e volta para casa às 14h20.
Ela não se sente diferente sendo uma das únicas mulheres que trabalha na segurança, mesmo que dos 42 funcionários, apenas três ou quatro sejam mulheres. Nos lugares em que trabalhava antes, a equipe de segurança não tinha tantos mais homens do que mulheres, como no Santa. Ela também diz que nunca sofreu machismo na escola.
Ela tem muita facilidade de conversar com pessoas e isso ajudou bastante com seu trabalho de cuidar da portaria.
Provocados(as) por charges selecionadas pela ONU Mulheres, iniciamos nosso módulo discutindo desigualdade de gênero. Pensamos juntos e juntas o que nos incomoda e como podemos atuar, por meio do jornalismo, para mudar essa realidade.
A partir do famoso “carômetro” organizado pela equipe do Colégio, identificamos as educadoras que atuam em diferentes setores. Ao olhar para os nomes e fotografias, memórias e curiosidades foram despertadas e, assim, avançamos na tarefa de selecionar doze educadoras que protagonizam nossos textos. Alinhados à nossa proposta editorial, tivemos o compromisso de privilegiar mulheres que trabalham em diferentes setores e considerar aquelas que nem sempre estão em diálogo com a maioria dos estudantes no cotidiano escolar.
Tendo decidido quem seriam nossas entrevistadas, voltamo-nos ao estudo dos gêneros. Tínhamos como objetivo aproximar os(as) estudantes da reportagem-perfil e da entrevista como tipos textuais jornalísticos, conhecendo suas características e experimentando-os na prática, desde a elaboração de perguntas, até a edição do material.
Aqui cabe dizer que, neste ano, o grupo é composto por repórteres com mais experiência, que já estão no Falaí! há mais de um ano, e por repórteres iniciantes que, em 2023, somaram-se à nossa equipe. Dessa forma, os desafios são adequados ao tempo de experiência de cada grupo.
Cuidar da coesão entre a produção das duplas ou trios de repórteres e a intenção da equipe editorial foi um dos objetivos trabalhados, pois, mesmo que os tipos textuais sejam diferentes, e que as entrevistas nos conduzam para lugares distintos, a publicação deve ser uma produção coletiva.
Com a colaboração e a gentileza de nossas entrevistadas, pudemos reuni-las em duas salas do Colégio para realizar uma grande sessão de entrevistas. Acompanhados de gravadores e bloquinhos de notas, os repórteres receberam as educadoras e administraram entrevistas nas quais tinham como objetivo entender a história de vida, a atuação profissional e o cotidiano de cada uma delas.
Ao final da sessão, entrevistadores(as) e entrevistadas se juntaram para registrar as fotografias que ilustram cada um dos textos jornalísticos.
De volta à redação, os(as) jovens jornalistas revisitaram os áudios das entrevistas, elaboraram os textos e revisaram o material.
Ao final do processo, construímos uma parceria com a equipe de Projetos Digitais da Editoração, alinhando a produção deste site, o qual dialoga com o projeto gráfico original do Falaí! e contempla as demandas desta publicação. Os(as) estudantes da oficina foram desafiados, também, a se adequarem ao formato, pensando sobre número de caracteres da manchete, por exemplo.
Finalizamos este módulo de estudos do curso com o olhar mais atento às questões de gênero, conhecendo novos tipos textuais e reconhecendo figuras importantes da nossa escola.
Esperamos ter compartilhado esses aprendizados com você também.
Raphael Gonçalves e Tatiana Luz
Professores do Falaí! e editores da publicação